domingo, 23 de maio de 2010

new slang




Baby, deixa eu ser o teu Lamartine Babo
o teu sabonete Phebo
serás o vinho que bebo
meu baião xote xaxado
meu maxixe meu quiabo
baby, vou te dar minha zoeira meu batuque
minha esmola meu smoking
meu buquê meu songbook
o meu look Woodstock
meu rock lóki meu roll

Zeca Baleiro

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Veríssimo




Tu e eu.

Somos diferentes, tu e eu.
Tens forma e graça e a sabedoria de só saber crescer
até dar pé.
Eu não sei onde quero chegar
e só sirvo pra uma coisa
- que não sei qual é!
És de outra pipa
e eu de um cripto.
Tu, lipa.
Eu, calipto.

Gostas de um som tempestade
roque lenha
muito heavy.
Prefiro o barroco italiano
e dos alemães
o mais leve.
És vidrada no Lobão
eu sou mais albônico.
Tu, fão.
Eu, fônico.

És suculenta
e selvagem
como um fruta do trópico
Eu já sequei
e me resignei
como um socialista utópico.
Tu não tens nada de mim
eu não tenho nada teu.
Tu, piniquim.
Eu,ropeu.

Gostas daquelas festas
que começam mal e terminam pior.
Gosto de graves rituais
em que sou pertinente
e, ao mesmo tempo, prior.
Tu és um corpo e eu um vulto
és uma miss, eu um místico.
Tu,multo.
Eu,carístico.

Ès colorida,
um pouco aérea,
e só pensas em ti.
Sou meio cinzento,
algo rasteiro,
e só penso em Pi.
Somos cada um de um pano
uma sã e o outro insano.
Tu,cano.
Eu,clidiano.

Dizes na cara
o que tem vem a cabeça
com coragem e ânimo.
Hesito entre duas palavras,
escolho uma terceira
e no fim digo o sinônimo.
Tu não temes o engano
enquanto eu cismo.
Tu,tano.
Eu,femismo.

terça-feira, 4 de maio de 2010

O livro dos abraços



Assovia o vento dentro de mim. Estou despido. Dono de nada, dono de ninguém, nem mesmo dono de minha certezas, sou minha cara contra o vento, a contra-vento, e sou o vento que bate em minha cara.

Eduardo Galeano